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III Ciclo de Conversa | Museus Orgânicos - Formação de Rede



Os Museus Orgânicos fortalecem a identidade local permitindo que as próprias comunidades tenham voz e protagonismo na preservação e promoção de sua cultura, conhecimentos e tradições. Ao empoderar os habitantes locais, os museus orgânicos contribuem para a valorização e disseminação das histórias e práticas ancestrais, frutos das relações culturais e sociais do homem com o seu território. A programação dos Ciclos de Formação de Rede dos Museus Orgânicos convida os mestres da cultura tradicional popular para compartilharem suas experiências, desafios e sucessos na gestão colaborativa do Patrimônio Cultural e Natural da Chapada do Araripe.

Na manhã do quarto dia de seminário, aconteceu a 8º roda de conversa,com a presença dos mestres Espedito Seleiro, mestre Rabelo e Zé Tarcísio. Ouvir os mestres é sempre um despertar da alma, contemplar os saberes e ensinamentos dos tesouros vivos do Ceará.




Conforme o Mestre Rabelo: “É necessário conhecer a gente, o lugar que a gente nasceu e tirar o nosso sustento dele. Essa foi uma intenção que esteve muito presente na minha vida, a de repassar tudo que aprendi. Meu primeiro quadro não me lembre arte, me lembra uma mudança de ideia, porque aquele quadro me fez abrir uma porta da possibilidade, quando você abre a porta da possibilidade, você é capaz de fazer coisas que nunca imaginou. A minha intenção não era fazer arte, era mostrar a minha casa, eu nunca me senti em casa em outro lugar que não fosse Quixeramobim. Eu só cheguei até aqui porque eu nunca desisti de nada. O que a gente faz, pelo sentimento, pela vontade de criar, pelo amor ao nosso lugar, isso vale a pena. O mais importante pra mim foi entender que o sonho sem a vontade e sem a intenção não vale de nada. Sonhe, faça, tenha vontade, porque tudo que é seu está lá, não por coincidência, mas por capacidade”



O Mestre Espedito em sua fala ressalta: “Eu consegui levar um trabalho que vivia escondido, lá no sertão, onde a gente fazia lá e lá mesmo se acabava, e consegui levar esse trabalho pra o Brasil todinho e pra o mundo. Uma coisa que rendia guardado dentro de um baú, a nossa cultura e eu consegui levar para o mundo.”



O Mestre Zé Tarcísio explica como a arte está presente em sua vida: “Uma mulher me perguntou: O espinho tem ponta?; Eu disse: Tudo tem ponta, tudo tem começo. Ele (Mestre Rabelo) pegou o espinho, a ponta e fez uma joia.” ; “Eu fui um menino de sorte, um rapaz de sorte, eu sou um velho sortudo, pode crê. Eu tive a sorte de ser uma criança ouvida, ouçam as crianças de vocês. Eu sempre tive a necessidade de ser artista, de falar através do meu trabalho, porque através dele eu falo, eu critico, eu elogio, mas eu falo.”

A diversidade de perspectivas e a profundidade dos debates mostraram a importância de trabalharmos em conjunto para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem em nosso caminho. A rede que estamos construindo é mais do que um conjunto de museus; é uma comunidade vibrante e interconectada, dedicada a manter viva a memória e a identidade de nossas culturas locais. Estes ciclos de formação de rede permitem levarmos conosco novas habilidades, novas ideias e, acima de tudo, um renovado senso de propósito e colaboração com a salvaguarda o patrimônio cultural.



A 9º roda de conversa é um canto aos mestres que generosamente entregam-se à preservação da cultura do brincar. Se faz necessário reconhecer a importância do brincar como um elemento fundamental para o desenvolvimento humano, para a socialização e a preservação de uma cultura do bem-viver. Eles nos lembram de que o lúdico não é apenas uma forma de entretenimento, mas também uma poderosa ferramenta de aprendizado e um elo vital com nossas raízes culturais mais íntimas. Para esse roda foi convidado o Mestre Dim Brinquedim, que trabalha com a construção de brinquedos artesanais. Ouvir Mestre Dim falar do brincar de forma tão singela, nos possibilitou olhar pela janela da nossa criança interior e assim lembrar que todo tempo é tempo de sonhar.

Conforme Dim Brinquedim "Eu gosto de responder o que as pessoas perguntam, porque quando eu não sei eu invento. Porque na brincadeira é assim, é a brincadeira que nos fortalece. Pra brincar não precisa do brinquedo, a gente só precisa da imaginação. A felicidade precisa ser ensinada nas escolas. O melhor da vida é brincar e o mais sério pra mim é a brincadeira. O meu reconhecimento é a alegria que o meu trabalho traz para as pessoas. Meu maior objetivo de vida é ser feliz, e brincar é ser feliz".


Na décima roda de conversa, vamos ouvir a sabedoria ancestral de agricultores e agricultoras, educadores e pesquisadores que dedicam suas vidas ao estudo e à prática de sistemas de convivência sustentáveis. Eles promovem a integração harmoniosa entre a produção de alimentos e a preservação ambiental, valorizando o conhecimento tradicional e a biodiversidade.

Para dialogar sobre a Rede de Turismo Comunitário da Chapada do Araripe, recebemos a artesã Marcilene Barbosa e a agricultora Damiana Vicente, com mediação do representante do complexo ambiental do Horto Ricardo Borges.



As palestrantes ressaltaram a relação de preservação ambiental e agroecologia dentro da agricultura familiar. Contemplar o nosso lar e promover estratégias de desenvolvimento que respeitem o território dos povos originários é essencial para manter a riqueza da nossa região. Conforme Marcilene "A persistência é o segredo das conquistas. Nós fazíamos nossas peças só por fazer, não sabíamos do valor da nossa própria cultura".



Para concluir o ciclo de diálogos da rede de museus orgânicos, no quarto dia de seminário a decima primeira roda de conversa foram com os mestres que detem o saber da cultura gastronômica cearense. Desta forma, contamos com a participação do Mestre Sebastião, do Museu do Doce, Lurdinha Vasconselos, Museu Becco do Cotovelo Café Jaibaras e Alberto de Souza do Espaço gastronômico Albert's com mediação de Simone Passos.




A cultura atravessa muitos campos do sentido, no caso da cultura gastronômica, enriquece o nosso paladar, toca a alma e nos ensina sobre “ser lar”. Conforme Simone “Comida é muito diferente de alimento, a comida passa pela cultura, e a cultura não é só arte, a forma como a gente estar no espaço é cultural. A cultura alimentar passa por um espaço de sustentabilidade humana".






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